Tendência de Lives NPC no TikTok: Uma Reflexão Sobre o Fenômeno

Nos videogames, NPC, ou “Personagem Não Jogável”, são aquelas figuras secundárias que não são controladas pelos jogadores e muitas vezes têm um papel limitado na história. Mas recentemente, uma tendência estranha surgiu no TikTok e está deixando muita gente intrigada.

Tudo começou por volta de julho, quando uma tiktoker chamada PinkyDoll, do Canadá, começou a criar vídeos em que ela se vestia como personagens e reagia aos presentes que seus seguidores lhe enviavam durante suas transmissões ao vivo. Um desses vídeos, chamado “Ice Cream So Good”, lançado em 20 de julho, acumulou mais de 100 milhões de visualizações. Nele, PinkyDoll recebia presentes virtuais de sorvetes e reagia de maneira animada, repetindo a frase do título.

O mais surpreendente é que essas transmissões ao vivo se tornaram uma fonte séria de renda para muitos influenciadores. Alguns deles relatam ganhos de até R$ 50 mil por dia.

Em entrevista para Forbes, a pesquisadora em comunicação digital do Com+, núcleo de pesquisa de comunicação e mídias digitais da USP, Issaaf Karhawi, chama a atenção para outras problemáticas envolvendo o tema. “Muita gente tem apontado para a ‘fetichização’ de corpos femininos e sexualização de meninas nas Lives de NPC, especialmente por conta do controle sobre o corpo do outro. Da minha perspectiva, outro ponto de atenção é o ecossistema do mercado de criadores de conteúdo e os aspectos de monetização. Quais são os limites para monetizar-se a si mesmo, numa lógica do ‘sujeito como mercadoria’? Parece que estamos testemunhando novos acordos morais em jogo, bastante alinhados às demandas das plataformas e às promessas de dinheiro fácil em um momento em que o país se recupera de diversas crises econômicas”, destaca.

Claro, isso não passou despercebido. O TikTok foi questionado e criticado por permitir essa prática. Em resposta, a empresa afirmou que apoia a liberdade de expressão e a diversidade de conteúdo, comprometendo-se com uma experiência segura e inclusiva para os usuários.

No entanto, as preocupações não se limitam apenas à plataforma. Especialistas estão levantando questões sobre a possível objetificação de corpos femininos e a sexualização de meninas nesses vídeos de NPCs, especialmente devido ao controle exercido sobre esses personagens. Além disso, há preocupações sobre até que ponto é ético transformar a própria imagem em uma mercadoria.

Tudo isso levanta questões importantes sobre como as redes sociais estão evoluindo e como as pessoas estão encontrando maneiras de ganhar dinheiro online. À medida que essa tendência continua a crescer, certamente veremos mais debates sobre os limites éticos e as implicações dessa nova maneira de criar conteúdo e interagir nas redes sociais.

Fonte: Forbes
Redação: Paola Queiroz

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